8 de abril de 2011

Projeto NOVA LUZ - São Paulo

Revitalização do Centro de SP é alvo de críticas dos moradores da região

As cidades crescem sem planejamento, a população ocupa áreas irregularmente. Esse é o roteiro de qualquer grande cidade brasileira. Com isso, chega a violência e as drogas. Para recuperar essas áreas o desafio é monumental.

Em São Paulo começa mais uma batalha pra se livrar da cracolândia, que é um desafio enorme. Só o projeto de recuperação do local já custou milhões, só para fazer o projeto. Essa semana a prefeitura começa a cadastrar os moradores que serão afetados pelas obras na região, mas, mesmo antes de sair do papel, esse projeto enfrenta duras críticas.

Periferias inchadas, regiões perigosas ocupadas irregularmente e um centro com infra-estrutura, sem moradores e sem cuidado. Um roteiro que se repete nas grandes cidades brasileiras e se tornou dramático em São Paulo, onde quarteirões inteiros foram tomados por viciados em drogas.
“Tem ruas em que é complicado andar, não tem como andar tranquilo”, conta o morador Edson Mazoli.

A prefeitura de São Paulo contratou uma empresa de engenharia para reconstruir o bairro da Luz. Mas os comerciantes da conhecida Rua Santa Ifigênia, que concentra lojas de produtos elétricos e eletrônicos, não gostaram.

"Se querem melhorar, que sentassem e negociassem como nós poderíamos melhorar juntos. Eu não acredito em promessa de Papai Noel. Eles encantam a gente com projeto, com construções. Não precisa de construção, precisa de incentivo à região para sobreviver e melhorar. Eles não vêm com intenção de apoio, o projeto vem com intenção de trocar de dono, isso nós não vamos deixar", afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas, Joseph Fares Riachi.

Ao todo, 45 quadras passarão por mudanças. Imóveis serão desapropriados, demolidos e reconstruídos, só os tombados pelo patrimônio histórico ficarão de pé. O número de habitações deverá aumentar em 60%, ultrapassando 11 mil unidades. Apenas 20% delas - cerca de 2,5 mil unidades - serão destinadas para os atuais moradores, que estão inseguros.

“Eu, particularmente, não saio do meu apartamento sem ser pago o que vale. Eu só saio morto ou se pagar o valor que vale, não o valor que ele quer”, diz o morador Antonio Magalhães Neto.
“Muita insegurança e muito medo, porque você imagina que a sua vida toda está no bairro, o trabalho, as relações familiares. As pessoas que têm filhos, trabalham e moram perto têm filhos que estudam perto, estão em creches. Não há segurança”, afirma a professora e presidente Associação de Moradores e Amigos do Bairro da Luz e Santa Ifigênia, Paula Ribas
Tanto conflito mostra a complexidade do projeto, uma das maiores intervenções urbanas já feitas no país.

"Não temos algumas respostas porque, de fato, o projeto é preliminar. Se chegássemos com todas as respostas teríamos um projeto pronto, o que não era a nossa idéia inicial”, diz o chefe da assessoria técnica de planejamento urbano da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Luís Oliveira Ramos.

A Nova Luz ainda é só um projeto e já custou R$ 12 milhões para a prefeitura. A construção de moradias sociais, calçadas mais largas, ciclovias, parques lineares, a reforma do sistema público de iluminação e transporte vai custar muito mais. É o preço que São Paulo paga pela falta de planejamento. Os urbanistas dizem que reformar o que está pronto sempre sai muito mais caro, o que não é um problema só de São Paulo.

As cidades brasileiras crescem como uma mancha de óleo, que vai se espalhando para os lados, para a periferia, enquanto o centro se desfaz. explica o arquiteto e urbanista da USP José Eduardo Lefevre, que completa: “Esse crescimento faz com que áreas rurais sejam transformadas em áreas urbanas e precisem de todo o equipamento de infra-estrutura - ruas, luz, água, serviço de saúde, educação. O que onera toda a infraestrutura e leva também, simultaneamente, ao esvaziamento das áreas centrais, progressivamente transformadas em áreas comerciais.

Os urbanistas também alertam que não basta fazer obras no centro. É preciso criar vantagens e atrativos para que as pessoas voltem a morar nessa região. Para isso, a iniciativa privada tem que participar das transformações, pois são investimentos que só darão resultado em uma década.

FONTE: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/03/revitalizacao-do-centro-de-sp-e-alvo-de-criticas-dos-moradores-da-regiao.html

Para presidente da Viva o Centro, Nova Luz está na ‘direção correta’

O ex-presidente do Banco Central e atual presidente da associação paulistana Viva o Centro, Henrique Meirelles, disse na manhã desta segunda-feira (21) em entrevista à Rádio CBN que o projeto da Nova Luz, que visa revitalizar o Centro de São Paulo, está na direção correta. Meirelles é um dos fundadores da associação e voltou a ficar à frente da Viva Centro na semana passada, após 14 anos afastado.

Para ele, o mais importante atualmente é viabilizar a instalação de empresas e pessoas na região. “O grande desafio agora é fazer um projeto urbanístico de uma intervenção direta do setor público, visando viabilizar que não só empresas [se instalem], mas principalmente residências, e como consequência que profissionais liberais voltem a ocupar o Centro de São Paulo. Porque ele tem não só valor histórico, mas condições logísticas muito boas, de transporte, de comunicação”, afirmou Meirelles.

O projeto da Nova Luz visa conceder à iniciativa privada a revitalização de um trecho do Centro de São Paulo. “O projeto está na direção correta. Vai permitir, se completado, que as empresas concessionárias possam inclusive desapropriar e reconstruir ou revitalizar prédios históricos”, disse Meirelles. “Precisa ter condições, ter a possibilidade de construir edifícios novos, mantendo os edifícios históricos, revitalizar os edifícios antigos. O grande segredo é que isso não funciona quando é um ou outro isolado, precisa ser um movimento em bloco. Onde mude o ambiente físico e humano da cidade.”

Para o ex-presidente do Banco Central, houve um avanço muito grande da situação do Centro de São Paulo nos anos em que ficou afastado da cidade. “O Centro hoje está muito mais cuidado, a segurança melhorou, está mais limpo, eliminou-se a poluição visual, a ocupação está melhor, órgãos públicos voltaram ao Centro. A mudança da Prefeitura para o Vale do Anhangabaú foi absolutamente fundamental, a volta de diversas secretarias de Estado também foi importante. Isso é um processo que ainda está acontecendo, e eu acredito que ainda é o início.”

FONTE: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/03/para-presidente-da-viva-o-centro-nova-luz-esta-na-direcao-correta.html

Morar no centro: discurso e prática

A moradia de interesse social no centro é tema conduzido com total prioridade pela cidade de São Paulo, que desenvolve o maior programa de reforma de prédios para fins habitacionais –Renova Centro—, sem precedentes na história do país, pela escala e compromissos assumidos. Há décadas, o assunto desperta debates acalorados e acabou cristalizando análises fantasiosas. Logo de início, os técnicos da prefeitura perceberam que uma coisa é o discurso político contundente, a outra, bem diferente, é a prática.

O primeiro mito construído sobre o assunto foi o do centro-fantasma. Pela primeira vez, no Censo de 2000, o IBGE tentou medir o número de imóveis vagos. O indicador –praticamente experimental– tornou-se polêmico, pois apontou números elevados. Segundo a pesquisa, haveria 402 mil imóveis vazios em todo o município, equivalente a 12% do total.

O primeiro conceito ignorado nas discussões foi o de quanto deveria ser a taxa de vacância de equilíbrio, de 8% dos imóveis, referente ao período entre uma transação e outra. Dados da mesma época (1999), que apresentavam a taxa de vacância de edifícios comerciais da cidade, apontavam que o centro registrava 19%, a mesma da Avenida Faria Lima, pouco superior à do Itaim (16%) ou da Avenida Paulista (13%).

Outros estudos realizados pela Sehab, em 2003, e pelo Metrô, em 2010, indicaram percentual de imóveis vagos de apenas 9% e 7%, respectivamente, nos distritos da Sé e da República. Praticamente nada além da vacância de equilíbrio. Semelhante indicador (6%) é encontrado em Nova York, uma das cidades mais desejadas no mundo para se viver.
A Cohab contratou, em 2009, a Fupam (Fundação para Pesquisa em Arquitetura e Ambiente, da USP) para identificar imóveis desocupados na região central aptos para fins habitacionais. O trabalho partiu da verificação de todos os levantamentos disponíveis já elaborados sobre o tema. Das diferentes listas consultadas e das visitas realizadas em campo, excluíram-se os de pequeno porte, construções térreas, em ruínas, invadidas ou incompatíveis com o uso proposto.

Converter edifícios desocupados em habitação é desafio realmente complexo. Os que já foram reformados em São Paulo ensinam que a obra exige, inicialmente, sofisticada avaliação da estrutura existente. Todas as instalações originais (hidráulica e elétrica) têm que ser removidas e muitas vezes é preciso encontrar outros caminhos para percorrer.
As regras para evacuação de edifícios em caso de incêndio mudaram. Novas escadas, com portas corta-fogo, e novas aberturas de janelas que impeçam a propagação de incêndios terão de ser feitas. Abrir espaço para escadas em prédios que ocupam praticamente todo o terreno é muito difícil. Parte dos imóveis comerciais, geminados e encaixados entre vizinhos, não recebem insolação suficiente. A legislação não permite fazer residências que não recebam sol. Para completar, a administração da obra tem de lidar com a restrição de horário para os caminhões de entrega e retirada de material e com a impossibilidade de estacionamento.

Construções muito pequenas não permitem que os custos dos laudos técnicos, dos projetos e da obra sejam diluídos no custo das unidades sem exceder os limites. Assim, descartando os que não se adequavam, foram apontados 53, que, neste momento, estão todos em processo de desapropriação. Mesmo reconhecendo todos esses obstáculos e dificuldades, a prefeitura aceitou o desafio e planeja entregar, em 2012, as primeiras unidades, das mais de 2.500 previstas.

O Renova Centro não é o único instrumento para lidar com o esvaziamento da região. A implantação do IPTU Progressivo, que começa a vigorar em 2011, constitui mais uma ação. Outra iniciativa são as operações urbanas Lapa/Brás e Mooca/Vila Carioca, cujos termos de referência estão em consulta pública, e que propõem, justamente, trazer moradores para a região de São Paulo mais bem servida de infraestrutura. Ambas também prevêem produção de habitação de interesse social (HIS). Da mesma forma, a concessão urbanística da Nova Luz também prevê a construção de unidades de HIS.

Em tempo: na verdade, agora não são 53 edifícios os incluídos no Renova Centro, e sim 52. A ocupação de um deles, na Avenida São João, obrigou a Prefeitura a paralisar o processo de desapropriação amigável, pois a legislação estabelece que os imóveis devam estar vazios para serem desapropriados.

(Ricardo Pereira Leite é engenheiro formado pela Poli-USP, com especialização em finanças pela FGV e mestrado em arquitetura e urbanismo pela FAU-USP e secretário de Habitação de São Paulo.
Fábio Mariz Gonçalves é arquiteto e urbanista formado pela FAU-USP, com doutorado em estruturas ambientais urbanas pela mesma instituição em que leciona desde 1989.)

FONTE: http://www.cadernosp.com.br/opiniao/2384/morar-no-centro-discurso-e-pratica/

Operações urbanas financiam, pela primeira vez em SP, obras de habitação de interesse social

Pela primeira vez na história de São Paulo, habitações de interesse social (HIS) estão sendo construídas com verba das operações urbanas em curso. Operações urbanas são projetos de melhoria ambiental e de infraestrutura em áreas determinadas da cidade, financiados pela venda de potencial construtivo. Com isso, empreendedores podem erguer edificações maiores do que o coeficiente básico permitido na Lei de Uso e Ocupação do Solo, mediante pagamento. Nas quatro operações em vigor, apenas grandes obras viárias haviam sido contempladas com a verba arrecadada.

Na região da Água Espraiada, por exemplo, três áreas estão em início de obras para a construção de 814 unidades habitacionais com verba da Operação Urbana Consorciada Água Espraiada. As moradias estão divididas em três regiões: Jardim Edite, Corruíras e Estevão Baião. Todas tiveram início neste mês. A verba para construção é oriunda da venda dos Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção).

No Jardim Edite, no Brooklin, serão construídas 249 unidades habitacionais divididas em dois tipos. Um com cinco pavimentos, com dois quartos, sala, cozinha, banheiro, distribuídos em 50 m² de área útil, e outro composto por 3 torres com 16 andares e 52 m². Este último possui a inovação da utilização de elevadores.

Estas unidades serão destinadas às famílias que moravam na favela do Jardim Edite e hoje aguardam em aluguel social. O projeto envolve ainda a construção de uma Assistência Médica Ambulatorial (AMA), uma Unidade Básica de Saúde (UBS), uma creche e um restaurante-escola (local onde se ministram aulas de gastronomia). A valor da licitação da obra é de R$ 40 milhões e a previsão de conclusão é de 18 meses.

Já o projeto para a região do Corruíras, localizado na zona sul, no distrito do Jabaquara, prevê a construção de 241 unidades habitacionais com área aproximada de 50 m² cada uma. Com licitação no valor de R$ 32 milhões, o empreendimento será destinado a população que será removida da favela Levanta Saia, no Campo Belo, para o prolongamento da Avenida Jornalista Roberto Marinho, junto ao Córrego Água Espraiada. O conjunto habitacional terá dois blocos com 7 e 9 pavimentos cada um. O prazo do término das obras é 18 meses.

O terceiro projeto está divido em três áreas de provisão (regiões destinados à construção de habitações) localizadas em Estevão Baião, Casemiro de Abreu e Iguaçu, no distrito de Campo Belo. O projeto prevê reassentamento de 324 famílias que serão transferidas das favelas Água Espraiada, Sônia Ribeiro e Emboabas, situadas ao longo da Avenida Jornalista Roberto Marinho.

Na área de provisão Estevão Baião, estão previstos 4 blocos com 4 unidades por andar, compostos por dois dormitórios, sala, cozinha, banheiro e área de serviço, totalizando 200 unidades. Em Casemiro de Abreu, serão construídos edifícios de 5 e 6 pavimentos, totalizando 84 unidades. Já na provisão de Iguaçu e Gutemberg, o projeto estabelece a implantação de dois edifícios, um com 4 e outro 5 pavimentos. Cada um possui 4 unidades por andar, totalizando mais 40 moradias. A previsão de construção é de 24 meses, com licitação no valor de R$ 43 milhões.

Todos os condomínios são fechados com gradis, muros e portões. Possuem áreas de lazer coberta e descoberta, jardins, playground, quiosque, quadras de esporte e paisagismo.

Além desses empreendimentos, por meio da Operação Urbana Faria Lima, desde outubro deste ano, estão sendo construídas 1.135 unidades habitacionais no Real Parque, zona sul, e revitalizadas mais 834 unidades do antigo Cingapura. A duração das obras é de 30 meses. (Clique aqui e confira a matéria).

“Trata-se de um momento importantíssimo para a cidade de São Paulo, principalmente para as famílias de baixa renda que há tanto tempo lutam para ter moradia digna nessas regiões valorizadas da cidade, onde residem há anos, mas das quais acabavam removidas por causa das obras viárias”, afirma Elisabete França, Superintendente de Habitação Popular e Secretária Adjunta da Secretaria Municipal de Habitação.

FONTE: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/habitacao/noticias/?p=23970

Cidade não pode ter guetos, diz arquiteto do Centro Pompidou

Se tivesse feito uma única obra, o Centro Georges Pompidou, em Paris, o arquiteto Richard Rogers já teria entrado para a história. O Beaubourg quebrou a assepsia que dominava os prédios dos anos 70 e antecipou o conceito de museus para grandes massas.

Mas Rogers fez muito mais: criou o mais contemporâneo dos aeroportos (o terminal cinco de Heathrow, em Londres) e arranha-céus antológicos, como as sedes da Lloyds, em Londres, e da TV japonesa, em Tóquio.

Aos 81 anos, deve fazer os seus primeiros trabalhos no Brasil. Esteve aqui por duas semanas para discutir projetos no Rio (ligados às Olimpíadas de 2016) e em São Paulo (com a prefeitura).

À Folha, o esquerdista que tem o título de barão defende que as cidades não podem virar guetos de ricos ou de pobres. "Um área só para ricos contraria a ideia de cidade."

Folha - Os arquitetos repetem que São Paulo e Rio são um desastre. O trânsito é horrível, não há áreas verdes e há favelas por todos os lados. O sr. concorda?
Richard Rogers - Não. O Rio é a cidade mais bonita que já vi. A paisagem é maravilhosa. Há praias por todos os cantos, o calçadão criado por Burle Marx é fantástico, em qualquer lugar que você vá é possível ver as montanhas e o mar.
Visitei Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, a favela que tem um elevador. O problema social é terrível, há esgoto correndo nas ruas, há lixo em toda a parte. Mas esse não é um problema só do Rio: é um problema global. O terrível é a diferença de renda entre os mais pobres e os mais ricos.

O sr. viu as obras que foram feitas nessa favela?
Gostei das mudanças, principalmente do elevador. É um bom começo porque aproxima a favela da cidade. O problema é como distribuir os benefícios da cidade nessas áreas, como fazer os ricos ficarem mais próximos das favelas e como fazer a favela ficar mais perto dos ricos. Essa mistura é essencial para integrar esses dois mundos.

O sr. acha que é possível integrar mundos tão separados?
A integração é a única solução para as cidades. Em Londres, não temos favelas. Mas temos pessoas vivendo em habitações sociais, que são subsidiadas pelo governo. São prédios privados, nos quais o governo pode colocar pessoas pobres na porta ao lado de alguém muito rico. Um área só para ricos contraria a ideia de cidade.

O que fazer quando ricos não querem pobres ao lado?
O sistema londrino obriga bairros ricos a terem habitações sociais. Esse tipo de sistema já é aplicado na Holanda, na Dinamarca e na Suécia. É preciso criar leis para ter essa integração.
O problema de pobres e ricos no Brasil é igual ao que existia entre brancos e negros nos Estados Unidos. Cidades não podem ter guetos, seja para negros ou pobres.

O sr. acredita em soluções para o trânsito com avenidas?
Isso é impossível. Não há soluções para o trânsito com carros. Estradas e avenidas para carros ocupam 60% da área de Los Angeles. É uma estupidez. Quanto mais estradas você abre, mais congestionamento você terá.
É preciso ter um sistema de transporte público realmente bom. Londres proibiu a abertura de estacionamentos na área central. Também é preciso controlar o número de carros que não estão em condições razoáveis. Há ainda pedágio para entrar no centro de Londres.
Tudo isso ajudou a criar um dos melhores sistemas de transporte público do mundo. Em Londres, 93% das pessoas usam transporte público.

O sistema de ônibus em Curitiba seria uma solução para cidades mais pobres?
Claro. Você precisa ter metrô e ônibus de alta qualidade. É inacreditável que em São Paulo as pessoas aceitem andar de carro a dez quilômetros por hora. A pé é mais rápido. É preciso cobrar mais impostos de carros para melhorar o transporte público.

O que São Paulo pode fazer?
Cingapura, como Curitiba, é um bom modelo. Lá, os impostos de carros são altíssimos e há pedágio no centro. É preciso restringir carros para ter mais espaço público. Espaço público é a principal razão para as pessoas gostarem de viver em cidades.

Como uma cidade faz para ter mais espaços públicos?
Precisa ter parques em todos os distritos. Curitiba fez isso. Jaime Lerner fez um trabalho brilhante. Curitiba é um modelo mundial. Um dos segredos é controlar as forças do mercado.

Como se faz isso?
As cidades precisam de leis para controlar as forças do mercado. Ajudei o primeiro ministro Tony Blair a preparar um plano para as cidades governadas pelo Partido Trabalhista.
O plano dizia que as pessoas têm direito a espaços públicos, assim como têm direito a água. Que as cidades devem ter leis que obriguem bairros ricos a ter habitações sociais. E têm de limitar os carros no centro.
Durante a crise de 2009, o ex-presidente Lula reduziu os impostos de carros para manter os empregos e as vendas.
Não é uma boa ideia. Emprego é uma questão séria, mas é preciso adotar soluções que não levem à desertificação do mundo ou ao fim da floresta amazônica. Um terço da poluição do mundo vem dos carros. Reduzir imposto de carro não faz o menor sentido hoje.

O sr. e Renzo Piano criaram na metade dos anos 70 o Beaubourg, em Paris. Por que ele fascina tanto as pessoas?
SP e Rio têm prédios brilhantes de arquitetura moderna, como os de Niemeyer. Mas em Paris não havia isso. Foi uma surpresa. Fizemos um prédio para abrigar todos os tipos de pessoa e que tivesse interação com a cidade. O Beaubourg é popular porque é um palácio da diversão.

O governo de SP tenta recuperar uma área degradada, a Luz, com museus e salas de concerto. Isso funciona?
Não. Você precisa de usos mistos para recuperar uma área. Não faz sentido uma área só com shopping ou escritórios. Os governos estão fascinados com museus, mas só isso não funciona.
Meu escritório fica numa área de Londres onde as pessoas não podiam ir há 15 anos de tão perigosa que era. Hoje é uma das melhores áreas de Londres. Isso ocorreu porque há escritórios, moradias e museus. Quanto mais misturado, melhor.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/895068-cidade-nao-pode-ter-guetos-diz-arquiteto-do-centro-pompidou.shtml

3 de abril de 2011

Relatório da viajem a São Paulo

Na primeira parte do percurso, aproveitamos o tempo que teríamos até a hora marcada com os professores, para visitarmos alguns pontos turísticos nas proximidades do vale do Anhangabaú. Eu, mais alguns colegas participamos duas visitas guiadas gratuitas. A primeira, ao edifício Martinelli, com todos seus atrativos arquitetônicos e históricos. E ao Edifício Altino Arantes, o segundo maior edifício de São Paulo, que se destaca no cenário verticalizado da capital com sua bandeira do Estado de São Paulo.

Esta região do centro, além de muito adensada possui um caráter extremamente comercial, aparentemente parece que a maioria dos edifícios é ocupada por empresas e escritórios. Neste dia ele estava muito ocupado e frequentado, por pessoas bem vestidas (de terno apesar do calor).
Depois destas visitas, atravessamos o vale do Anhangabaú em direção a Galeria do Rock. No caminho passamos pela Praça dos Correios e entramos num prédio Neoclássico dos Correios, em que estava havendo uma exposição. Este prédio parecia ter passado por uma revitalização recente, em que havia sido estalada uma claraboia no pátio central, muito semelhante a iluminação zenital da Pinacoteca.

Enfim chegamos a Galeria do Rock... As gurias foram as compras, enquanto eu fiquei tirando algumas fotos. O que mais me marcou, foi a quantidade de japoneses ou chineses e até o momento, não encontrei algum paulistano com sotaque original nesta cidade. Almoçamos e fizemos o mesmo percurso até o encontro dos professores em frente ao Salve Jorge.
Ao encontrarmos os professores, iniciamos a caminhada direcionada. Foi ai que conhecemos o peculiar guarda-chuva vermelho do Marcelo Maia, que serviu como ponto de referencia a ser perseguido pelos alunos. Logo no primeiro momento, atravessamos o Pateo do Collegio e avistamos o “Monumento Glória Imortal aos Fundadores de SP”. Nesta região a altura dos edifícios já diminuiu, e a quantidade de prédios antigos também.

Caminhamos mais um pouco e chegamos ao viaduto Rangel Pestana sobre a Avenida do Estado, Parque Dom Pedro II e rio Tamanduateí. Sob este viaduto havia muitos moradores de rua e até mesmo algo parecido como um projeto social. Ao chegarmos ao outro lado, foi evidente o papel destas barreiras no senário urbano. De um lado o centro comercial e financeiro, com atrativos culturais e sociais. Uma área formal, muito bem consolidada e com uma grande infraestrutura. E do outro lado desta barreira natural (artificial também) uma região que eu definiria como informal, apesar de não ser caracterizado por edificações irregulares (ou não), possuir uma infraestrutura tão qualificada quanto a outra, se apresenta muito degradada devido a um uso obsoleto.

Mais adiante, na Rua do Gasômetro passamos pelo Gasômetro, uma edificação de tijolos a vista muito interessante e com grande potencial para se tornar um dispositivo de interesse social. Seguindo, passamos pelo Palácio das Indústrias – Catavento e os Edifícios São Vito e Mercúrio que estão sendo demolidos num processo demorado e cuidadoso, para não atrapalhar o transito da Avenida do Estado e causar danos a bens tombados do entorno, como o Mercado Municipal. Além destes edifícios o Viaduto Diário Popular também será demolido. A principio parece que a prefeitura não tem a definição exata de todas as obras que compreendem esta operação urbana. Dando margem a uma proposta.

Continuando nossa caminhada, passamos pelo Pátio do Pari, que é um dos maiores pátios ferroviários da cidade e delimita três áreas distintas em seu entorno: uma voltada ao comercio especializado de cereais, outra ao comercio de roupas e uma terceira que abriga habitação de baixa renda. Dai voltamos a atravessar o Rio Tamanduateí e entramos no Mercado Municipal, com direito a intervalo de 30 minutos para conhecê-lo.

Foi ai que eu tirei a prova se o sanduiche de mortadela, realmente tinha mortadela... E como tinha... Isto se trata de um sanduiche com nada menos que 200gramas de mortadela... Um exagero, mas muito bom. Depois de reabastecer nossas energias, continuamos nosso diagnostico urbano. Seguimos caminhando em direção a Estação da Luz e no caminho passamos ainda pela Rua 25 de Março.

Enfim chegamos a charmosa Estação da Luz. Tiramos muitas outras fotos e reparei sobre um projeto que a prefeitura parece estar desenvolvendo na região, a Nova Luz. Caminhamos até a Estação Júlio Prestes aonde pegamos o metrô até a estação da Republica. Ao sairmos da estação, já avistamos os Ed. Copam E Itália, dois gigantes no cenário urbano. E esta região já pareceu ser mais heterogenia, tanto com uso comercial quanto residencial.

Então estávamos ali, embaixo do Ed. Copam, quando a tão famosa garoa paulista começou a cair, e decidimos encerrar os diagnósticos urbanos de sexta-feira. Alguns alunos voltaram para o hotel, eu permaneci com um gruo que queria estender os passeios mais um pouco. Então antes de ir ao hotel, nós passamos ainda em um boteco nas proximidades do Ed. Itália, depois em um restaurante Italiano no bairro Bexiga, e por mim ainda fomos a uma boate no Bairro Vila Madalena. Neste dia dormi por volta das 5horas da manha de sábado.

Enfim chegamos a nossa ultima caminhada-diagnostico, agora estamos em frente a Estação de Metrô do Brás, e iniciamos nossa caminhada por uma área cheia de edificações baixas, ou de uso comercial ou misto. A maioria das lojas é especializada no comercio de roupas e artigos eletrônicos. Atravessamos o Largo da Concordia e seguimos pelo Viaduto Gasômetro e tivemos uma vista melhor da região, que apresento muitos prédios deteriorados e aparentemente invadidos. Com muitas moradias de baixa renda. Do outro lado no trilho do metro, encontramos também muitas lojas têxteis, mas a diversidade do comercio aumentou. Ali existiam lojas de esquadrias, carros, entre outras.
Voltamos para o Largo da Concordia pela Av. Rangel Pestana e encerramos ali os diagnósticos dirigidos. E encerramos ali a nossa caminhada direcionada.

Diagnostico do Aeroporto de Confins

Quinta-feira 17 de março de 2011 – 13h16min.
Acabamos de embarcar na aeronave, após uma espera de aproximadamente duas horas. Durante este período de espera eu, Lucas e Roubens percorremos o aeroporto a procura de um local confortável para aguardar o embarque e tomar um café.
O aeroporto de Confins é muito interessante devido a articulação de espaços abertos e fechados, possibilitando uma agradável ventilação natural e pontuais claraboias, que iluminam o terceiro pavimento, em que é possível visualizar a pista.
Por outro lado, é impossível encontrar locais de acesso gratuito que ofereçam o conforto necessário para tornar o tempo de espera menor. Até mesmo a organização das poltronas dispostas uma do lado da outra me deixaram com um incomodo torcicolo. A impressão que tenho é que se trata de um espaço com o objetivo de evitar a interação entre quem esta ali.
Outra questão é que, não sei se pelo fato das poltronas deste forem iguais as do aeroporto de Brasília, Porto Alegre e de São Paulo (deve ser iguais a vários outros, porem só posso afirmar com certeza estes) ou somente pela falta de mobiliário. Identifiquei uma falta de identidade. Falta de características próprias e únicas que distinguiriam o Aeroporto de Confins dos demais. Para mim este é o aeroporto longe pra caramba.